Ordenação e início de trabalhos

Ordenação e início de trabalhos

 

Em preparação a minha ordenação presbiteral, que aconteceu em Rondon, no dia 14 de fevereiro de 2009, fiz uma semana de retiro antecedendo a ordenação.  Optei por fazê-lo em Umuarama, junto com um colega, diácono Edson, que também se preparava para ser ordenado.

Umuarama é a cidade onde iniciei meu processo de formação, lá tive experiências muito bem vividas. Estudei filosofia no instituto Rainha dos Apóstolos nos anos 1999 e 2000. Morávamos numa casa, próxima da paróquia onde os freis trabalhavam. Estudávamos pela manhã e, à tarde durante três dias na semana tínhamos trabalhos na paróquia. Éramos em 4 estudantes, eu e o Edson, trabalhávamos na horta, o Elton, no jardim, e o Reinaldo no salão com o seu Angelim. Nos finais de semana cuidávamos do som da Igreja durante as celebrações. Era muito bom, pois tínhamos uma intensa convivência com o povo. Também era divertido, enquanto “técnicos de som”. Ás vezes baixávamos o volume do microfone do frei Justino, quando ele queria cantar junto com a equipe de canto, pois sua voz era muito desafinada, não era muito agradável..Não dava pra aguentar..rsrs. Outro fato inusitado que aconteceu naquela Igreja: nas missas de domingo às sete horas da manhã, tinha um senhor que levava uma sanfona. Ele nem sequer imagina que nunca ligamos o som do microfone para ele tocar..rsrsrs…, pois causava um transtorno auditivo na população que lá estava.

Lembrando que em Umuarama também fui acolhido para recuperar-me de uma crise, em 2006. Período muito frutuoso.

Fizemos o retiro na chácara da paróquia. Um local bonito e agradável, onde há um campo de futebol suíço muito bom. Quando morávamos lá, jogávamos futebol todos os sábados com alguns jovens da comunidade. Nos divertíamos.

Frei Rivaldo era o responsável para nos orientar. Uma ou duas vezes por dia ele ia até a chácara conversar conosco e presidir a eucaristia. As refeições nós mesmos fazíamos. Imaginem só como era esses dois jovens na cozinha…. Em nossos almoços, fazíamos comida completa, mas nos jantares ..ixiiii a coisa pegava .Comíamos muita sopa instantânea.

No sábado dia 14, terminamos o retiro. Almoçamos na paróquia e depois do almoço fomos para Rondon, eu e o Edson. A ordenação seria no ginásio de esportes, pois a Igreja era muito pequena. Passamos no ginásio para ver como estavam os preparativos. Para nossa surpresa, lá encontramos o Padre Guido. Então ele me perguntou: está decidido mesmo? Porque se não estiver pegue o carro e suma, ainda tem tempo. Pensei: que motivação, em!!!minha nossa… Segui em frente, mesmo assim.

Fiquei muito ansioso nos momentos que antecediam o início da celebração. Só consegui me acalmar a partir do momento do rito em que o Bispo colocou a mão em minha cabeça e todos os padres o fizeram também.

No domingo de manhã foi a primeira missa, também no ginásio. Pensava: primeira missa, com um monte de padre perto e ainda num ginásio de esportes!!!.. to frito! Risos…

Fiquei muito sereno na primeira missa, apesar das surpresas. A equipe de liturgia preparou um ofertório falando sobre a minha história de vida. Primeiramente entrou uma professora que deu aulas para mim, na terceira e quarta série, a Professora Laura e trouxe-me um caderno. Logo em seguida, entrou meu avô com uma Bíblia em suas mãos, ele foi meu primeiro catequista. As surpresas começaram a partir daí… Meu avô chegou próximo do altar e disse: eu quero te falar uma coisa. Então, muito  surpreso dei o microfone a ele. Ele parecia um grande orador, e disse: eu dei a catequese para o Maurício, assim como fiz para todos os meus filhos, porque não tinha catequista. E continuou, eu mesmo não tive estudo. Estudei apenas o segundo ano da escola primária, e não poderia deixá-los sem catequese. Mas o mais importante disso tudo é que o Maurício disse SIM ao chamado de Deus. Ficou em silêncio alguns segundos…

Logo seguida, entrou uma enfermeira com uma prancheta e um aparelho de medir pressão – chorando muito… Essa enfermeira fez parte da história de minha vida, quando eu tinha 9 anos de idade sofri um grave acidente. Meu avô e o pai da enfermeira Osmarina ( a moça que entrou) – se revezavam com suas caminhonetas para levar nós e algumas crianças do bairro para  a escola da cidade. Certo dia, na vez do meu avô fazer o transporte, um caminhão cujo motorista estava bêbado, bateu na traseira da caminhoneta de meu avô. Eu não vi nada e não me lembro de nada. Bati a cabeça no asfalto e fiquei um  bom tempo desacordado. Mas fiquei sabendo que todas as crianças ficaram espalhadas pelo asfalto e a caminhoneta totalmente destruída. A enfermeira Osmarina foi ferida com mais gravidade, ficou na UTI por mais de uma semana. Pela graça de Deus não houve mortes e nem seqüelas em nenhuma criança. Osmarina se formou em enfermagem e trabalha em Campinas, como enfermeira responsável da UTI de um Hospital.

No final da missa, os freis da equipe missionária que lá estavam me puseram a cruz de missionário. Fiquei parecendo um Bispo, diziam…Risos.

Após o missa, tivemos um almoço de confraternização . E logo após o almoço fui com os freis missionários (minha nova família a partir daquele momento) para Capitão Leônidas Marques, iniciar as Missões naquela região.

Na segunda feira à tarde fomos para as comunidades. Fui com o frei Reginaldo para aprender a realizar o trabalho. Foi uma semana ótima. Com muita presteza ele me informou sobre tudo que deveríamos fazer. Num primeiro momento não aprendi muita coisa, mas o tempo foi passando e eu ia me sentindo mais seguro. Mas… me realizei e concluí: vim para o lugar certo, vou me realizar e ser feliz como missionário.

Ainda ficava muito nervoso em presidir a eucaristia, quando terminava as minhas costas estavam toda dolorida e tensa, mas aos poucos fui confiando e ficando a vontade.

Outra experiência marcante, foram as primeiras confissões… Pessoas muito mais experientes e vividas do que eu, abriam seus corações com tanta confiança. Com  certeza não apenas comigo, mas com os outros missionários também. Que dádiva divina…

Na segunda semana me colocaram sozinho em uma comunidade. Então pensei: não vai dar certo, não vou dar conta… Mas vou mesmo assim e seja o que Deus quiser.

Estando na comunidade, depois da missa celebrada, reunião com as lideranças realizada, fui para a família onde iria jantar. Chegando lá tive um susto. Encontrei um alemão de quase dois metros de atura, cara fechada e pouca conversa… Sua esposa e sua filha eram boas de papo, ainda bem. Mas logo percebi que o alemão era muito gente boa.

Para não esquecer o que tinha que fazer anotava tudo na agenda. No dia seguinte, seria quarta-feira de cinzas, início da quaresma. Para não esquecer de usar a estola rocha, deixei-a junto com alva para não correr o risco de celebrar na quaresma com estola verde..risos…um colega fez pior, foi sem estola. Quando estava iniciando a missa percebeu que estava faltando a estola…Risos.. Temos que dar um desconto, era sua primeira semana de Padre!!!!

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